domingo, 16 de maio de 2010

Aproximação!

Gosto de conhecer pessoas que me arrebatam. Que me provocam a sonhar em escrever, se não com a mesma beleza e talento, pois seria impossível, mas pelo menos com intensidade.

Hoje, por acaso, li alguns textos do poeta russo Vladimir Mayakovsky. Preciso ler muito mais, pois, fiquei impressionada com a força e beleza da escrita. Segue um poema que me deixou de queixo caído.

O amor

Um dia, quem sabe,
ela que também gostava de bichos,
apareça numa alameda de zoo,
sorridente,
tal como agora está no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela, que por certo, hão de ressuscitá-la
Vosso Trigésimo século ultrapassará o exame de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então, de todo amor não terminado
seremos pagos em enumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo cotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo de casamentos,
concuspicência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte à terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o universo,
a mãe,
pelo menos a terra.

Vladimir Mayakovski
(1893-1930)

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