Escrevo no trabalho
A batalha é infundada
Não consigo!
Venho só tateando
Há anos percebendo esses afetos
Sem compreender a minha retribuição
Mais mentira do que ditos
Mais fantasmas do que gente
Ternura inútil e besta
Chorar em festa
À beira do ridículo
Minto em cada linha
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Passou?
Você está indo seu besta.
Perdeu a minha paciência.
Usou e não quis abusar.
Ah! Se fosse o contrário
Eu reviraria tudo.
Beijaria bem cedinho.
E sumiria só para me vingar.
Perdeu a minha paciência.
Usou e não quis abusar.
Ah! Se fosse o contrário
Eu reviraria tudo.
Beijaria bem cedinho.
E sumiria só para me vingar.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
As mesmas!
Quando ela aguardava ao lado da moto eu tentei alertá-la que velava um objeto. Busquei mostrar-lhe o ridículo do seu ato. Queria puxar-lhe dali e apontar as tantas outras coisas que estavam no mesmo espaço.
Agora eu estou velando uma página. O que nos diferencia? Qual a sensatez que eu tenho e ela não? Que direito eu tinha de julgar ridícula a sua atitude, se agora os meus olhos estão parados esperando, em cada segundo, a resposta que ninguém quer dar?
Tola eu, tola ela!!!
Agora eu estou velando uma página. O que nos diferencia? Qual a sensatez que eu tenho e ela não? Que direito eu tinha de julgar ridícula a sua atitude, se agora os meus olhos estão parados esperando, em cada segundo, a resposta que ninguém quer dar?
Tola eu, tola ela!!!
Completando!
Sou daquelas que quando a coisa está ruim lê Florbela Espanca só para piorar rs:
Hora que passa
Vejo-me triste, abandonada e só
Bem como um cão sem dono e que o procura,
Mais pobre e desprezada do que Job
A caminhar na via da amargura!
Judeu errante que a ninguém faz dó!
Minh'alma triste, dolorida e escura,
Min'alma sem amor é cinza e pó,
Vaga roubada ao Mar da Desventura!
Que tragédia tão funda no meu peito!...
Quanta ilusão morrendo que esvoaça!
Quanto sonho a nascer e já desfeito!
Deus! Como é triste a hora quando morre...
O instante que foge, voa, e passa...
Fiozinho d'água triste...a vida corre...
Florbela Espanca
Hora que passa
Vejo-me triste, abandonada e só
Bem como um cão sem dono e que o procura,
Mais pobre e desprezada do que Job
A caminhar na via da amargura!
Judeu errante que a ninguém faz dó!
Minh'alma triste, dolorida e escura,
Min'alma sem amor é cinza e pó,
Vaga roubada ao Mar da Desventura!
Que tragédia tão funda no meu peito!...
Quanta ilusão morrendo que esvoaça!
Quanto sonho a nascer e já desfeito!
Deus! Como é triste a hora quando morre...
O instante que foge, voa, e passa...
Fiozinho d'água triste...a vida corre...
Florbela Espanca
Agosto!
Vergonha em dose máxima.
A leitura sem respostas.
A mulher burra que eu tanto critico.
Agora sou eu.
A leitura sem respostas.
A mulher burra que eu tanto critico.
Agora sou eu.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Drummond sabe das coisas, eu não!
Não se mate
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
Reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
Reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Eu também queria ter escrito esse texto!
Meditação do Duque de Gandia sobre a morte de Isabel de Portugal
Nunca mais
A tua face será pura, limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem possa viver
Sempre.
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
Aquele que partiu
Precedendo os próprios passos como um jovem morto
Deixou-nos a esperança.
Ele não ficou para conosco
Destruir com amargas mãos seu próprio rosto.
Intacta é a sua ausência
Como a estátua de um deus
Pouapada pelos invasores de uma cidade em ruínas.
Ele não ficou para assistir
 morte da verdade e à vitória do tempo.
Que ao longe,
Na mais longínqua praia,
Onde só haja espuma, sal e vento,
Ele se perca, tendo-se cumprido
Segundo a lei do seu próprio pensamento.
E que ninguém repita o seu nome proibido.
Sophia de Mello Breyner
(1919-2004)
Nunca mais
A tua face será pura, limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem possa viver
Sempre.
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
Aquele que partiu
Precedendo os próprios passos como um jovem morto
Deixou-nos a esperança.
Ele não ficou para conosco
Destruir com amargas mãos seu próprio rosto.
Intacta é a sua ausência
Como a estátua de um deus
Pouapada pelos invasores de uma cidade em ruínas.
Ele não ficou para assistir
 morte da verdade e à vitória do tempo.
Que ao longe,
Na mais longínqua praia,
Onde só haja espuma, sal e vento,
Ele se perca, tendo-se cumprido
Segundo a lei do seu próprio pensamento.
E que ninguém repita o seu nome proibido.
Sophia de Mello Breyner
(1919-2004)
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