domingo, 25 de abril de 2010

Admiração!

Há pessoas que me deixam inquieta por conseguirem se expressar tão bem e de forma tão bonita. Destaco, dentre elas, Quintana, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Cartola e tantos outros que são meus guias, seus textos são praticamente a minha bíblia cotidiana. Mas, de tudo o que eu li esse ano, o que mais me impressionou, me marcou, foi este "A Serenata", da Adélia Prado. Colocarei aqui para que seja mais fácil revê-lo sempre que eu quiser.

A SERENATA

Uma noite de lua pálida e gerânios
ele viria com boca e mãos incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:
ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias
descubro que estou chorando todo dia,
os cabelos entristecidos,
a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?
A lua, os gerânios e ele serão os mesmos
— só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?

Adélia Prado

Domingo!

Enrolo por horas, mas quando começo a estudar, tudo me fascina. Tenho tido muitos bons momentos, se eu ainda acreditasse seria um ótimo período para agradecer. Até o que pouco prezo, mas me mantem, está tendo uma certa leveza antes inexistente. E, transpassando tudo, estão as minhas novas sensações.
Uma forma diferenciada de enxergar nas coisas o que elas têm de forte e também o que lhes falta. Nas oportunidades, não vivi, pois não tinha certeza. E, hoje, para que me serve essa certeza? Para tirar um pouco do meu sossego todos os dias. Se é melhor acreditar ou não, prefiro não saber.

sábado, 17 de abril de 2010

Desejo!

(Reencontrando textos antigos e vendo que continuo a mesma)

Quero o inverso disso tudo
O momento de voltar
O encanto que todos sentiam
Mais intenso do que antes

Desejo não exageros
Não limites
Não distâncias
Que sinto mesmo quando muito perto
E que se mostra nos instantes esquisitos

Percebo a vontade de sentir o diferente
De compreender o que sempre pareceu verdade
Mas que na realidade
Eram mentiras e segredos

E no fim só existe o perder
Tanto do que fui e sou
Quanto do que sinto e quero
Que passaram sem eu perceber
A seguir a direção inversa
Da que eu desejei tão forte que seguisse

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Retorno!

Sinto que mudou.
Mesmo que não diga.
Uma coisa ficou: despedida!
Percebo-me inquieta, mais ausente do que quem não vejo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pensando!

Não é o comum, este já não existe. O normal é a presença. Queria ter mostrado tantas coisas neste tempo: meus textos bestas, minha sala nova e meus sorrisos de nervoso. Até o jornal eu teria levado e dito o quanto é engraçado a forma como copiam e repassam as nossas idéias. Acho também que eu teria ligado, logo após me parabenizarem pela primeira vez, desde que me encontro neste anseio constante por mudanças. Teria tecido uma lembrança muito melhor, pois no futuro também não mais existirá o que hoje já não existe. Pode ser que a mentira fosse completa, não apenas em partes específicas. Ou ainda que fiz absolutamente tudo para provar algo que não gostaria que imaginassem ser a minha escolha. No final comporto-me com indelicadeza. Tão sem proximidade com o que eu penso. Ouvi tanto que acreditei na ausência completa, mesmo sabendo a mentira que as certezas escondem.

domingo, 11 de abril de 2010

Dia!

Quando o corpo torna-se ofegante de cansaço.
Não mais se quer semanas de sorrisos.
E sim uma presença silenciosa.
Para que ninguém se sinta sozinho.
Nesses dias de muito medo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Medo!

Pelo que não mais existirá.Entrego esse momento de silêncio. E todos os outros que eu sempre tenho. Nesse mundo preto e branco. Vou esquecer-me no som dessa música. E expressar-lhe a minha decisão. Que trará alegrias somente para mim. Talvez não haja beleza na felicidade egoísta.

Ir embora como quem não tem palavras. Deixar o que se tem por especial. Não sei se vivo no mesmo mundo. Dos meus pensamentos e idéias. Vou sentir o que é verdadeiro. Esconder-me em meus defeitos. Para não mais me enganar. Nessa ausência tão constante

Compreendo!

Você pode enganar todos.
Cujos olhos estão fechados.
Mas hoje são os seus.
Que no escuro estão.

Não desejo saber nada.
Nem mesmo fazer perguntas.
Só quero que a minha calma.
Seja tão intensa.
Que consiga diminuir o tumulto que há em você.

Depois de tanto silêncio.
Desejo que durma bem.
E não se espante com seus sonhos.
Eles serão esquisitos.

Talvez mostrem a verdade.
Tão bem escondida.
Em seus olhos fechados.