sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pensando!

Um dos aspectos que me chamou a atenção, quando eu li sobre a vida do poeta russo Iessiênin, é que ele se casou cinco vezes, lembrando que ele morreu antes dos 30. Vendo seus poemas, percebo a intensidade absurda com a qual se expressava sobre os sentimentos e a liberdade.

Fiz uma comparação maluca e abusiva (pois são realidades extremamente diferentes) com o meu estimado Vinícius de Moraes que, no decorrer de sua existência, casou-se nove vezes. Recordei de ter assistido a um dos seus depoimentos no qual ele explicou os seus casamentos dizendo da sua necessidade de estar constantemente apaixonado. Para ele o amor, o companheirismo, o afeto, eram sim, sentimentos importantíssimos. Mas eles, sem algo complementando, sem aquele, vamos dizer, fugir do mundo ouvindo músicas, não bastavam. E assim, ia se atirando, vivendo e não se furtava de agir.

Não sei se é o melhor e nem gosto de certezas. Até que ponto pode, até mesmo, ser esta considerada uma atitude egoísta? Ou, também, é uma interessante reflexão se egoístas não somos nós ao dividirmos uma vida sem o mesmo entusiasmo, sem um gás que, ao mesmo tempo que sufoca, é irresistível.

Penso no quanto (baita clichê, mas serve), existir voa e, apesar de não ter a mínima idéia sobre quais atitudes preenchem melhor o meu mundo, não posso deixar de admirar quem tem coragem de enfrentar o que já estava previamente determinado, transformar o exato em outra coisa, em prol do que às vezes nem nos permitimos enxergar.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Descobrindo!

Estou em uma fase poetas russos. Fiquei muito impressionada com a força dos textos e, sempre que posso, tenho lido um pouco mais. Hoje, nessas viagens cotidianas em busca do sossego/aflição que a literatura me traz eu li sobre o Serguei Iessiênin (1895-1925). Lindo, revolucionário e um apaixonado constante, me vi suspirando, igual mulherzinha besta, diante da intensidade do que expressou. Morreu, antes de completar 30 anos e, por mais insano que nos possa parecer, embora a insanidade talvez esteja mesmo é em nosso dia-a-dia, ele escreveu o poema abaixo com sangue logo após cortar os pulsos. Trágico e surreal!

Até logo, até logo, companheiro,
Guardo-te no meu peito e te asseguro:
O nosso afastamento passageiro
É sinal de um encontro no futuro.
Adeus, amigo, sem mãos nem palavras.
Não faças um sobrolho pensativo.
Se morrer, nesta vida, não é novo,
Tampouco há novidade em estar vivo.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Distorção!

A minha miopia está retornando ao único lugar que lhe compete: aos meus olhos.

domingo, 16 de maio de 2010

Aproximação!

Gosto de conhecer pessoas que me arrebatam. Que me provocam a sonhar em escrever, se não com a mesma beleza e talento, pois seria impossível, mas pelo menos com intensidade.

Hoje, por acaso, li alguns textos do poeta russo Vladimir Mayakovsky. Preciso ler muito mais, pois, fiquei impressionada com a força e beleza da escrita. Segue um poema que me deixou de queixo caído.

O amor

Um dia, quem sabe,
ela que também gostava de bichos,
apareça numa alameda de zoo,
sorridente,
tal como agora está no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela, que por certo, hão de ressuscitá-la
Vosso Trigésimo século ultrapassará o exame de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então, de todo amor não terminado
seremos pagos em enumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo cotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo de casamentos,
concuspicência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte à terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o universo,
a mãe,
pelo menos a terra.

Vladimir Mayakovski
(1893-1930)

No Bar!

- Mas, o que você tem a perder se você se desesperar e virar uma vagabunda?

Obrigada amiga pelos excelentes conselhos em prol de melhores dias para mim.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Crônica de uma tarde anunciada!

Acordei quase implorando aos céus por um motivo que me deixasse ficar em casa. Entrei no ônibus e nem Sérgio Sampaio eu quis ouvir, naquele dia, apenas naquele dia, eu discordei de tudo o que ele cantava e sinto profunda vergonha por isso.

No final da tarde, liguei para a minha amiga: - Vamos Beber? Estava frio e chovendo, mas ela, entendendo que a coisa era séria, respondeu, simplesmente: - Vamos.
Na mesa, as duas quietas, eu, sem graça pelas minhas tolices e ela de TPM. Combinação perfeita para um momento tão especial.

Saindo do bar, sinto o meu pé virar, meu corpo seguir sem meu controle. Sim, eu estava no chão, de joelhos, com as mãos na calçada, os óculos para um lado, a bolsa para o outro. Não quis me mexer, estava faltando dignidade à situação. Levantei e, rindo de tudo, senti que meus olhos, na verdade ardiam.

Tive uma crise, do tipo Engenheiros do Hawai, e eu, que não fumo, quis um cigarro. Procuramos um boteco fudido e ao entrar no mesmo, quem estava no balcão? Ele mesmo, o Cruel. Ele sempre está em todos os lugares. Ríamos tanto daquela visão que nem conseguimos comprar o bendito/maldito cigarro. Neste momento, eu já me sentia a Penélope Cruz em um filme do Almodovar.

Entramos na primeira padaria que encontramos, adquirimos o cobiçado cigarro e uma cerveja para acompanhar. Sentamos no meio-fio, para degustarmos as iguarias. Continuamos quietas, eu sentindo-me tola e ela de TPM.

Ausente!

Esta semana, ao conversar com uma amiga, ela me disse:
_ Mas, você me conta isso com essa cara de contente?
Desde então me vejo pensando no espaço pequeno que a demonstração da fraqueza (importante e necessária) tem no meu cotidiano.

Apropriação!

O objetivo do meu blog é que eu escreva e trabalhe, um pouco mais, com o que tanto gosto. Mas, hoje, este texto do Fernando Pessoa foi muito melhor do eu na exposição do que eu gostaria de dizer.

AH, UM SONETO...

Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...

No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.

Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.

Mas - esta é boa! - era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação?...

Fernando Pessoa

terça-feira, 11 de maio de 2010

Rotação!

Hoje eu poderia escrever muita coisa. Mas, ao lanchar esta noite, eu olhei para a minha vitrola vermelha e percebi que há meses eu não me sento no chão, sozinha, e coloco um disco para tocar, atitude antes cotidiana. Vejo, então, que eu não tenho feito isso porque as músicas doem, lembram e expõem absolutamente o contrário. Não ouço porque não consigo mais. Talvez, apenas essa percepção, já seja um quase perfeito resumo do meu dia.

domingo, 9 de maio de 2010

Menino!

Era uma vez um menino que amava coca-cola. Ao cantar entoava um "puta" ou "porra" no meio da canção. Todos brigavam, mas riam escondido depois. Ele argumentava com convicção, tinha olhos de mar e muita ginga.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Bandeiras!



Uma das bandeirinhas que enriqueciam a praia de Cabo Polônio, no Uruguai. Só de recordar eu sinto uma sensação diferente, de surpresa, saudade e muita vontade de passar um tempo longo por lá.

Impaciência!

É estranho confiar no inexato e perceber a tolice que esse modo de agir traz. É curioso sentir-me tão diferente dos meus conceitos e ver-me inserida na minha própria crítica. É no mínimo um luto bater o pé, rir dos outros e ser, no final das contas, uma cópia do que eu me achava protegida.